Mercadoria

Nestas eras de sonhos mortos,

só quimeras enlatadas

animam parcialmente

espíritos duvidosos e

vazios, produtos.

Todos são cada vez menos,

mas as marcas ainda são as mesmas...

O tempo inexiste em ócio,

a carne é sabor angústia,

o carrasco é o ponteiro do relógio

e há recreio de bílis,

que mais ácidas,

derretem até a lógica.

E quando, iluminado pela lâmpada de Mercúrio,

encontro o meu cansado reflexo

em espelho sujo,

espumando saliva fria,

reclamo o rótulo

que me falta,

consumindo-me grátis,

mercadoria.

2ª Colocação (Categoria: Alto Tietê) no Concurso de Poesias: “aBrace as cores do arco-íris”, promovido pelo Movimento Cultural aBrace Para a Região do Alto Tietê-SP. Agosto, 2007.

Rafael Puertas
Enviado por Rafael Puertas em 09/09/2007
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