Tango

não chamo ninguem pra dançar

como chamo a tu

enquanto tua sombra segue meus passos

coincidentemente

a fumaça toma o ar

toma outro gole meu

te engulo como a piteira

que engole minha alma

me mata

te ver se mover

tua coreografia me encolhe

à um mero observador

frustrado o suficiente

pra te deixar me matar

de amor

de falta de ar

tu é a metáfora

mais insana

e amarga

que eu poderia personificar

com quem eu poderia dançar

melodiar

a tosse

o canto da cirrose

por que ficar

e me sentar nesse sofá

se posso te ver me queimar

e sentir teu calor me esfriar

te acendo e puxo devagar

sei que vou te ver esvair

depois de cravar no meu sangue

e acelerar meu coração

a solidão instiga

procurar tua companhia

esperar tua visita

na minha boca

acendi a chama

e anoiteceu

pela terceira vez te beijei

é mais do que meu consciente pode suportar

mas meu inconsciente te implora

desce

me afoga

me deixa sem ar

e me deixa respirar você

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 23/09/2018
Código do texto: T6457703
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