trago-lhe
tu disseste
"fuma-me"
sem saber o tanto de fumaça que posso guardar em meus pulmões de uma só
vez
"trague-me"
sem saber quantas vezes posso te acender
e que tossir eu não faço
"traga-me"
sem saber que nenhum outro vício é tão forte em mim como a neblina
como a fumaça
como o vapor de nicotina
que inspiro
disseste pra fumar-te
sem imaginar que o que decora minha cômoda
são inúmeras carteiras
maços vazios
dos últimos dias
talvez dos últimos meses
te assustaria saber o quanto de ti eu colocaria em mim
e quanto decorar teu nome foi tão fácil
parece um canto
um poema
um trago
mas ser um cigarro inteiro
é responsabilidade demais
é querer expor teu quadro na cabeceira do meu coração
atravessar a sala do meu peito e te encontrar
tu disseste pra respirar um pouco do ar teu
sem saber que eu posso te sufocar