OLHAR no alcance do gesto

________________ [ Olhar ] 4

A mão faz-se de pala

por sobre os olhos

criando uma nesga de sombra

na nascente do olhar.

Pouco ou nada que se aviste

e não porque a luz fraqueje

mas por estarem encardidos

os filtros da minha percepção.

Procuro correr o horizonte:

as nuvens longínquas

e indiferentes

parecem sugerir que as ignore.

Mais perto a sombra

de quanto exposto à luz

por absurdo, condiz,

com a ideia de carência. Enfim.

Muito mais interessante

aqui, ao lado,

o sentido de aconchego

inspirado pela minha companhia

delicadamente presente,

deliciosamente atenta.

Regressa, pois, o olhar

para o alcance de uma carícia,

num acesso de ternura;

o alcance de sentir a sua mão

numa réstia de sol,

a afagar o meu rosto, à tardinha.

É aqui que se impõe o zero

como valor da lonjura máxima

tolerada entre nós e a ternura.

_____________________LuMe

Luis Melo [www.lumelo.com]

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 02/11/2005
Código do texto: T66532
Classificação de conteúdo: seguro