Éden

Cego em minha desventura,

Desmedida, controversa,

Um único lamento que se arrasta

Em um fôlego eterno que nunca cessa

E geme através de meus lábios

Um nome;

Esse que se foi e dele eu me ressinto,

Pois me abandonou, esqueceu-se de mim.

Ele foi minguando e desaparecendo

A medida em que cresci.

O drama da vida, feito meu, para mim.

Nele eu me lanço e chafurdo selvagem

Na lama que eu esfrego nos olhos

Evitando a todo custo aprender

O que tão penosamente ele tentou me ensinar.

A vida é como um espelho;

Reflete a obra de nossas almas,

As telas de nossas mentes e a minha

Eu pintei de preto.

Eu achei que era essa a minha cor.

O vazio que nunca se preenche,

Não importa o que eu jogue pra dentro.

Nada deixei crescer, mesmo que tenha me convencido

Que algo tentei plantar.

Meu coração é um deserto.

O cemitério das vidas que eu findei,

Dos sonhos que matei, dos amores

Que eu enterrei.

O jardim se fora com as últimas vibrações

Da inocência que perdi.

E a flores que eu amava, uma a uma,

Eu vi sumir.

Então eu erro pelas dunas

Em meio às tempestades que me rasgam

A carne morta, buscando algo

Que não sei o que é.

Tramando uma forma de subir em direção a luz.

Planejando o caminho de volta à humanidade.

Estou perdido, vazio.

Nada habita sob a casca que visto.

Invejo toda a natureza em sua complexidade simples,

Pois nela há propósito, mesmo que imperceptível à minha limitada perspectiva.

O vento leva meus pensamentos, conforme

Deixo-me desaparecer no abraço da terra.

Antes que eu destrua tudo,

Antes que eu queime incontrolavelmente,

Uma vez que minha alma jaz afogada

No oceano das minhas frustrações.

Fui expulso do jardim.

Meus passos pisaram em falso

E eu caí das graças no chão frio da perdição.

Entreguei-me ao caos,

Odiando o sol, a luz, os sorrisos.

Chorando, lamentando,

Dei as costas ao perdão

Sem jamais admitir o quanto preciso encontrar

Redenção.

Preciso achar o que perdi; minha salvação.

Por onde andas meu pequeno Adão?

No estômago da serpente a quem ofertei-te como sacrifício,

Em nome do meu exílio,

Da livre e doce emancipação.

Cortei-te de mim e lancei-te nas trevas,

Perdoa-me coração!

Volta pra mim.

Completa-me.

Leva -me de volta ao meu Éden perdido.

THR Oliveira
Enviado por THR Oliveira em 21/08/2019
Código do texto: T6725331
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