Desejo
Se fosse o desejo um abrigo em meu peito
Compasso em pausa, um vazio, um receio
A alma seria seu próprio alimento
Fartando-se insana, rasgando-se ao meio
Mas como não passo de simples poeta
De alma amarga e imerso em desejos
Desejo não faça dos versos anseios
Furtados à calma que, enfim, é o que resta
E o mundo é tão simples porém tão ardente
Que bebe a calma qual copo de leite
No fogo que acalma insuflando-se a fome
No oco da alma que chama meu nome
Que o sono me venha levando a noite
E os versos se acalmem na alma insone
Que, enfim, o desejo sem fim que consome
Contenha-se à vida e que, assim, a aceite
D.S.