Toupeiras

o buraco onde enfiaram

o corpo de cabeça

qual toupeira cega ficaram

sem ver ou sentir esperança

silêncio no escuro profundo

esconde o medo surpreso

onde costelas são grades

dos sentidos das graves

aspirações de justiça

esquecidas em falsas

falas, presas dentro do peito

no buraco já feito

neste meio que não estou

toupeiras outras estão

cegas a cavar, devastação

e no espaço, luz chegou!

poucos viram o novo mundo

no sujo buraco esconderam

tristeza estranha imunda

onde a luz, eles negavam

toupeiras são mesmo cegas

feitas para cavar buracos

onde há vidas em trevas

sem a vela clara dos barcos

nas velas estão escritos

os mandamentos da vida

onde olhos bem abertos

entendem a história escrita

há quem feche os olhos

e nunca deixam o buraco

felizmente em Abrolhos

abro as velas do meu barco

navego por este mundo

vejo gente e natureza

de infinita beleza

e a toupeira no buraco

Alberto Daflon

Daflon
Enviado por Daflon em 08/05/2020
Reeditado em 19/06/2020
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