Há coisas

Há coisas que não devem ser ditas

Apenas, em despudor, sentidas

E tidas sem qualquer margem de esforço

Ou alguma espécie derivada da dor

Para olhar, para cuidar

Do que se vê, do que se toca

Transpassando o que se pode prever

Como distorcida justificativa

De precaução mirabolante

No mais sincero acolhimento habitante

Em certa medida, ainda que comedida

Por isso, só apareça se realmente quiser

Só me escreva se desejar me ler

Letra por letra, sílaba por sílaba

Nós não precisamos de nada além disso

Sentimento é dado para construir moinho

Sobre o que se mexe e reconfigura

No interior pulsante do próprio ser

Só me abrace se tiver vontade

Somente me beije se for o pedido último

O amor não se cega à vaidade

Mas, repudia egoísmo a ledo engano

Não se esconda, por entre suas manias

Sacanas e um tanto inconsequentes

Se for para, em mim, você caber

Olho, com atenção, e peço que fique

Se alcançar meu olhar for trabalho árduo

Não vejo o porquê de estar

Afaste-se para sempre.

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 19/05/2020
Código do texto: T6951568
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