Reflexões de um lobo solitário
Sempre sozinho
Eu ando pelas ruas de uma cidade solta
Eu ando pelas ruas de um mundo escroto
Eu ando nas calçadas e atravesso os becos
De uma solidão sem rumo e sem destino
Feito um lobo mudo não ando em matilhas
Um coiote rebelde sem vida
Opiniões revoltas
Indignantes do mundo
Escrevo sem métrica
Dane-se o ritmo
Não quero rima nesse poema
Nem estribilho
Versos brancos e livres
Nem refrão porque não é música
Nada de heróico, alexandrino ou bárbaro
Sem regras nem forma
Pra quê sonetos?
Pra quê quartetos e tercetos?
Pra quê sílabas poéticas
Pra descrever tal país
Tal mundo
Tais pessoas?
Perceba o que quero
Sou um lobo solitário
Quero mudanças no mundo
Limpar este chão imundo
Se rimar é coincidência
Será preciso outra inconfidência?