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As contas vão chegar

E o que vou fazer?

O que vou fazer?

Para onde estou indo?

Para onde estou indo?

Sinto vontade de gritar,

Meu corpo já não é de dezoito anos,

As pessoas da minha idade fazem agora grandes planos,

Abrem lojas,

Constroem famílias,

E eu?

Continuo com a mesma vida retilínea,

É horrível saber que carrego os mesmos problemas há tanto tempo,

Ficar demais na internet,

Medo de assumir responsabilidades,

Não tem como não se sentir uma covarde,

Velha demais para ser tão indecisa,

Jovem demais para ter uma vida toda construída,

As vezes parece que tudo que sinto falta é da infância

Meu medo de encarar a vida é tão grande que parece me congelar,

E me fazer sentir vontade de nunca me posicionar,

E nada disso faz sentido,

Nada disso faz sentido,

Corro, corro, corro,

E mesmo de longe sinto,

Agora estou com as redes sociais em dia,

E continuo com medo do futuro,

Nos anos que mais me dediquei ao meu futuro,

Me senti sem vida,

Sem conseguir focar no social,

Só que é mentira, mentira,

Mas não sei explicar,

Tudo me deixa fora do normal,

A ansiedade quase explode pelas minhas veias,

E as contas vão chegar,

De dinheiro vou precisar,

E o que vou fazer?

Fugir não muda,

Fingir não conserta uma luta.

Entro na internet e não encontro nenhuma resposta,

Tudo que preciso fazer é focar no agora,

E me colocar em primeiro lugar,

É engraçado porque todos os dias a realidade me sacode, me bate, me humilha,

E também me assopra,

Quantas vezes não achei que era algo muito pior do que realmente é,

E não foi,

Quantas vezes me iludi achando que era muito melhor do que realmente é,

E também não foi,

Queria me sentar com quem escreve a história da minha vida,

E tentar escrever direito,

Só que aí me toco,

Quem está falando é que escreve esse enredo,

Por que tenho tanto medo de viver?

Por que me julgo a cada atitude que tenho?

Por que não posso aceitar que as vezes também acerto?

Por que? Por que? Por que?

Não é tão doce ter 24,

Não é legal se sentir encurralado,

Tenho medo de cair de novo,

E estar na cama de novo,

Por fugir de tudo que preciso encarar,

As batidas dentro do meu peito gritam lentamente,

E meus sentimentos me matam letalmente,

Tudo aqui se materializa brutalmente.

Vívian Souza
Enviado por Vívian Souza em 31/05/2023
Reeditado em 31/05/2023
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