Vem, tô vendo *

Para o peito que pulsa em lufadas.

Ele vem e sussura ao ouvido.

Vem tomar o momento sereno

Em que verto no texto pequeno

Aquilo que em mim faz alarido.

Ele vem, e me vem tão aflito...

Bagunça-me os cabelos na dança

Em que esconde toda esperança

De fazer-me ouvir seu gemido.

E vem tanto, ventando, que escuto

As palavras de chuva molhadas

Trazidas num falar resoluto.

É tua voz que em largas passadas

Revela que este vento astuto

Começou em ti sua jornada.

* Érika Chalhub

São Paulo, 15 de dezembro de 2007

(ps: adoro essa mulher...)