eu sempre transito, nunca crio raízes.

eu sempre transito, nunca crio raízes.

a ideia era clara, mas agora escrevendo parece turva, mas lá vai, eu sempre transito. sabe? parece que tenho uma necessidade que corrói o peito e me faz ansiosa, uma necessidade de se agarrar, de pertencer, de criar raízes, mas por algum motivo, eu só transito. o tempo passa, as pessoas passam, tudo passa e eu também. é como se eu estivesse em um trem, e todos possuem a estação a qual pertence, a qual descer, e eu fico no vagão transitando em todas elas, e não amando nenhuma. eu sempre espero amar para criar raízes, de uma forma bem tola, sendo boa crítica de mim mesmo, entendo que no fundo eu não quero amar nada, só quero conforto, procuro conforto, e esse mesmo me restringe, me faz não pertencer. a parada de não ter estação pra descer dói a alma, de um jeito que te faz sentir criança de novo, junto com os temores e pesadelos e negligências. dá para apreciar a vista, se sentar, olhar para os viajantes do vagão, se distrair, dá para ver o lado bom, mas no fim, a falta de lar te restringe, e talvez pela falta de lar que eu procure tanto conforto.

Maria Rodrigues
Enviado por Maria Rodrigues em 07/12/2023
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