PROFUNDEZAS

Mais clara que o sol

profunda como o mar

nas intransparências me deito

e me ponho a nadar

Sujeito a aflições

em distintas amarras

vivenciando emoções

de batalha em batalha

Em noites tão claras

meu corpo obedece

em meu remanso físico

o inconsciente florece

Em pensamentos a mil

se imagina a vida

horrorizando-se de incertezas

se imagina a missa

Nesse berço de pegadinhas

pequenos fetos curiosos

sonhando em ser além

em universos eternos

Tal duvida que assusta

cresce o medo de morrer

em prol da segurança nasce a disputa

mesmo sem saber o que é viver

Nessa batalha finita

em ter e obter

o mais fraco se tornou pobre

e o rico o alvorecer

Nadando nessas profundezas

a vida se esvai em alegorias

confundindo-se em claras incertezas

restando apenas o estado de arrepsia

E assim segue-se vivendo

de brinde em brinde

obtendo, matando e morreno

cada qual com seu requinte.