Elogio à ressurreição
O que bate no meu peito
não é só um coração de pedra
é uma rocha rígida e fria
que lucida minha razão.
Se escrevo poesias de amor
faço pois acredito que
com um pouco de calor
meu miocárdio se descongele.
A cada gota que toca o chão
sinto-me mais próximo da vida
como se tocassem tambores
dentro do meu peito,
a cada batida mais forte
sinto pulsar em minhas veias
o sangue sóbrio e salobre
que até então estava adormecido
começo a acreditar que estou vivo
ensaio enfim minha ressurreição
em passos curtos para a liberdade
caminho rumo a luz do sol
que faz meu corpo ferver
ressurgir do profundo seol
que me mantinha aprisionado
nada como uma brisa tocante
num rosto recém-nascido
posto de uma quase morte
posto de um corpo esquecido
agora ostentando a vida
pronto para morrer novamente...