Cólera
Ela acabou de acordar
é o que precisa para começar
a olhar e criticar
Se esquentei, está morno
Se esqueci, sou desatento
Se enfeitei, ruim é o adorno
Se fritei, era ao forno
De repente me vejo mergulhado em imperfeições
Corringindo erros que destruíram nações
Vivendo num eterno reparo de ações
Deixando de lado minha individualidade
Tentando viver conforme às regras
Convenções de um bicho chamado sociedade
Lá vem ela novamente
Desta vez o chá está muito quente
Se palavras ruins escapam, sou indecente
E olha que não me julgo proeminente
Apenas tento ser eficiente
Mas é difícil infelizmente
Os meus versos a deixam em polvorosa
Basta lê-los para vir puxar prosa
Com aquela conversinha demagoga horrorosa
Que termina sempre com aquele velho julgamento
Você é subordinado e eu sou a poderosa
Isso dito com todas as letras, coração sem sentimento
Deixa-estar ser humano, contra ti eu atento
Através de meu eterno intento de saber
E de ensinar através destes mesmos versos
Julguei que seria a idade
Mas analisei a tamanha capacidade
Dela se sentir à vontade
Diante das situações do dia-a-dia
Se fosse contigo, tu correria
Eu não corro, eu escrevo
Meu pensar é meu trevo
Assim como um grande soneto
Deixo seus planos obsoletos
E chego à vitória através do pensar
Porque o que acaba com o ser humano
É o silêncio e a falta de amar.