Cólera

Ela acabou de acordar

é o que precisa para começar

a olhar e criticar

Se esquentei, está morno

Se esqueci, sou desatento

Se enfeitei, ruim é o adorno

Se fritei, era ao forno

De repente me vejo mergulhado em imperfeições

Corringindo erros que destruíram nações

Vivendo num eterno reparo de ações

Deixando de lado minha individualidade

Tentando viver conforme às regras

Convenções de um bicho chamado sociedade

Lá vem ela novamente

Desta vez o chá está muito quente

Se palavras ruins escapam, sou indecente

E olha que não me julgo proeminente

Apenas tento ser eficiente

Mas é difícil infelizmente

Os meus versos a deixam em polvorosa

Basta lê-los para vir puxar prosa

Com aquela conversinha demagoga horrorosa

Que termina sempre com aquele velho julgamento

Você é subordinado e eu sou a poderosa

Isso dito com todas as letras, coração sem sentimento

Deixa-estar ser humano, contra ti eu atento

Através de meu eterno intento de saber

E de ensinar através destes mesmos versos

Julguei que seria a idade

Mas analisei a tamanha capacidade

Dela se sentir à vontade

Diante das situações do dia-a-dia

Se fosse contigo, tu correria

Eu não corro, eu escrevo

Meu pensar é meu trevo

Assim como um grande soneto

Deixo seus planos obsoletos

E chego à vitória através do pensar

Porque o que acaba com o ser humano

É o silêncio e a falta de amar.

Segundo Lipe
Enviado por Segundo Lipe em 20/12/2005
Código do texto: T88721