Madrugada

Quieta e silenciosa

É a madrugada

Ruídos, passos, movimentos

Agora dá pra sentir, é madrugada

Sol da meia-noite não tem aqui

É preciso enxergar além das estrelas

Ouço vozes do além

Talvez esteja em minha morada

Ou também pode ser alguém

Me armando uma cilada

Estou tranqüilo porém,

Atento na madrugada

Preciso quebrar essa rotina

Virei escravo da cafeína

Dois amigos numa mesa

Uma cerveja na mão cada

E lá se vai outra madrugada

Computador ligado

Estou amarrado

Cliquei, consegui, estou dentro

Conversa e leitura

Distração e cultura

Sempre ligadas

Opa, apareceu pornografia

Fecha e volte a fazer sua monografia

Caiu a conexão

Reconectando, tentando, andando

Mudando de assunto

Café da manhã

Queijo ou presunto

Sigo preso às letras

Não consigo parar

Olhos correm velozes em busca de um porquê

Só acha quem procura e este alguém é você

Conversam animadas

Duas mães com um filho cada

Ora pois:

Mais uma madrugada

Olheiras profundas no grande vira-mundo

Antes um poeta do que um vagabundo

Por opção ou não, roda no grande mundo

Baixando meio tom, como um bemol

No mesmo refrão, levantou-se o sol

E deu fim na ligada, cansada e tão esperada

Madrugada.

Segundo Lipe
Enviado por Segundo Lipe em 20/12/2005
Código do texto: T88727