Lápide
"Aqui jaz um poeta esquecido.
Morto nas suas memórias findas.
Sepultado em lembranças não mais vindas.
Em oculto por toda eternidade.
Aqui jaz em forte sono adormecido
Aquele que ficava sem dormir,
Porfiando a melhor forma de agir,
Pois na vida quase tudo é vaidade..."
-Hoje, livre, corre solta sua alma
Nos caminhos que ele mesmo escrevia;
Nos quais o poeta dia após dia
Traçou seu pouco tempo de existência.
Hoje a passear com muita calma
Encontrei numa lápide, escrita,
A letra da poesia mais bonita
Que da morte extraía sua essência.
Não tinha hora nem datas marcadas
Na pequena pedra reluzente
Onde o poeta, infelizmente,
A sua própria vida não leu.
Não se tirem conclusões erradas;
A lápide em que li a poesia
(Pude até sentir enquanto lia)
Não foi o poeta que escreveu.