A Sabedoria da Bondade

Os homens não se pertencem; ninguém doma o destino

Esforçado para tal, luta o mais hábil de todos

Em vão, são obscuros os ditados da sorte

Desde o berço estamos marcados: esse nasce

Na abastança, aquele outro na miséria

E no transcurso do tempo casos e acasos

Forjam o mundo de cada um; oh tu

Rico ou pobre, belo ou feio, sê sábio!

Pratica o bem, nunca leses ninguém; hoje

Ou amanhã, vindo do profundo mistério

Chega o dia das lamentações, e se sorris

Deves agradecer: sê bondoso, tem piedade

E sê compassivo: aborta o teu ódio atroz

Deserda a vingança, não leves tão a sério

A ofensa, poupa o velho e a criança, o adulto

Não te julgues tão senhor da dita ao ponto

De seres intocável do revés, não desprezes

O que tem sorte pior; em vão adulas o ouro

Ou és dele o escolhido; a maldade cavalga

A sombra do imperador, o oculto inimigo

Não quer ver ninguém bem, ele exulta em

Fazer o mal, aborrece-o teu sorriso

Ele odeia a tua ventura e labuta

No dano teu – vindo da quimera e do capricho

Escuto retinir no solo o negro corcel da mágoa

Que conduz o espectro do rancor à ação medonha:

Se estes vilões do dolo serão um dia punidos

Após a morte talvez, quem o sabe? Eles forjam

O dano ao culpado e ao inocente, sem distinguir...

Se este te fere; como reconhecer com alegre

Volúpia, aquele que te oferta a amizade ou

Ou o amor, ou o prazer? Como saber da aurora

Do dia desejado!? Quem pode deter a tétrica cavalgada

Do mal, e albergar o bem em sua doce cota?

Qual agraciado pode ser ileso a dor, ou

Qual mendigo não pode ganhar na loteria, ou

Ainda, qual o mortal que sabe do amanhã;

Futuro, denso mistério, portal obscuro!

Mortal, paga-te desde já com tua bondade!!