CIDADÃO DO MUNDO

Urbi et orbi

Olho ao redor

Urbanóide encapsulado

Virado pro mundo

Cinza profundo

Negro iluminado

Molhado asfalto

Malhado assalto

Sinos catedrais

Sons angelicais

Coração de menino

Um pão, um delito

Sem dó, só um grito

Delírio profundo

Envidraça o olhar

O poço, o fundo

A vida, um caroço

Entala a garganta

Engasga o choro

Cidadão do mundo

Imunda viseira

Enxerga o horizonte

Tangido qual boi

Passo a passo vai rente

Esbarra aqui

Encosta acolá

Só há céu com a morte

Na vida virado pra lua

Cabeça enterrada

Avestruz deletério.