Certidão
averbo-me de livre
quando meu verso exige
verdade que nem seja tanta
como os limites que trago
na garganta
e que me quero exato
quando nem me caibo
corpo que nem cobre o tamanho
daquilo em que me acho
averbo-me de incauto
quando alcanço meu limite
roupa que nem me veste
verbo que nem me disse
e me quero destroçado
em ruas em que nem me tive
verdade que nem queira tanto
avalizar os meu limites
averbo-me de nauta
em cosmos que nem habito
janelas que nem se fecham
com a presença do infinito
e me tenho em medidas
que nem conheço
e me caibo em proporções
em que nem tropeço
averbo-me de livre
quando nem madrugada
é ainda a razão
por quê me tive
e me compreendo a meias
rendeiro de almas
que nem gasto de repente
como um saldo que me caiba
averbo-me de triste
nas manhãs sem mim
em que a palavra arquiteta
tudo que não se apresta
a me dizer assim
averbo-me de suspeito
quando a culpa tange
a franja do medo
que me engane
averbo-me de tanto
quando ainda pude
trazer na garganta
os verbos que me ajudem.