ANACORETA

Vós que sois anacoreta;

tens duas pernas, mas não passas de um perneta!

És muito ranheta. De muita treta.

Nesta senda que caminhas vais acabar na sarjeta.

Sem qualquer gorjeta!

Não tens gratidão, pouco importa o galardão que recebas.

Não traz em si o perdão, nem por si mesma, nem pelos que a sua volta estão.

Não sois Ana. Não sois Santana.

E de Santa não tens nada.

Por que foges do convívio de quem tanto mais te ama?!

Não quero com isto fazer drama...

Mas te vejo enredada numa trama de novelo emaranhado.

Se tens em mãos uma agulha a espetar o coração,

faça uma tecetura

e transforme essa amargura em uma obra de escultura

de mais bela formosura.

Carpe diem, criatura!