Penitência
Queres perdão, e o tempo não perdoa.
A vida que vendeste inutilmente
relembra da memória o preço à toa.
E a vida que tu levas em ti voa
feito folha a dançar inconsciente.
Queres perdão, e o tempo não perdoa.
O tempo te pergunta se foi boa
a intenção dos teus atos evidentes.
Relembra da memória o preço à toa.
E esse preço qual pena amarga soa.
Ah, te arrependes de alma penitente!
Queres perdão, e o tempo não perdoa.
Causas vãs que puseste mil coroas
te observam com desdém nunca clemente.
Relembra da memória o preço à toa.
Oh, mas eu te perdoo, embora doa
ver que de coração posto à tua frente,
queres perdão, e o tempo não perdoa.
(Embora eu te ame em preço nunca à toa!)