Floresta da Vida

Suponha a existência de imensa floresta

Onde a humanidade é planta rasteira.

As copas das mais altas árvores

Nos sugam a luz sorrateira.

Pois neste universo nem todos recebem

Dos raios solares a justa recompensa.

Há rosas que murcham na falta de luz

E estrume entre luz imensa.

Mas uma voz secreta em todos palpita

E solta as forças, sem alarido,

E todos se põe a crescer

Do galho de espinhos ao ramo florido:

“Vós todos bem sentis a ação secreta

Da natureza em seu governo eterno

E de ínfimas camadas subterrâneas

Da vida o indício à superfície emerge”.

É voz que brada de cima, capta

O ouvido que recebe a mensagem,

É a voz do próprio criador

Que se dirige à sua criadagem.

E quem é este escravo de Deus?

A planta rasteira de pouca luz!

De onde a voz vem, não se sabe,

Talvez de um forte, talvez duma cruz.