Um sentimento assim

Era um sentimento assim...

Olhei e vi

a derrocada gritante dos cabelos brancos,

em uníssono com a ligeireza das rugas.

Pensei, estou velho e carcomido.

Mas não era velhice, era algo indefinível.

Compreendi que aquela coisa

não iria desaparecer.

Estava eu de frente para ela

e ela de frente para mim

como uma miragem do deserto.

Amado e odiado ao mesmo tempo,

eu pude perceber que aquilo

atraía-me para longe das agruras da vida

e ao mesmo tempo,

lançava-as todas encima de mim.

Era um turbilhão de incertezas mórbidas

prontas para me fazer calar,

sem pestanejar.

Era a vida que vinha inexorável

pela alma adentro, com o tempo.

Era linha divisória alquebrada

entre a minha inquietude e a minha letargia.

Era flor jogada nos túmulos dos cadáveres

de dois mil anos atrás ou de ontem à noite.

E era incomensurável nessa incerteza.

Era um sentimento assim...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 12/10/2013
Código do texto: T4522100
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