Quando a poesia chama

Estranho é que algumas vezes pareço viver a inspiração.

E não a sinto por vontade.

Como planta que não cresce sozinha,

E a luz do sol reclama...

Tal como um espelho que só reflete meu rosto,

Ofuscando todo o resto.

Como um fogo que em minhas mãos, descontrolado,

O verso inflama.

E tanto me vejo que já não me vejo.

E a folha é lugar de um encontro imprevisto.

Mas sou grande de mais, não caibo nas linhas.

Tudo em mim derrama.

E é então que respiro e divido-me.

E com alguns arranhões, entro e fico.

E vivo num mundo de oxigênio novo.

Que é o pulmão que clama.

E quando termino de viver esta vida.

E sinto-me descansar...

Percebo que só me resta versificar o viver

Quando a poesia chama.

Victor Nogueira
Enviado por Victor Nogueira em 06/11/2013
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