Quando a poesia chama
Estranho é que algumas vezes pareço viver a inspiração.
E não a sinto por vontade.
Como planta que não cresce sozinha,
E a luz do sol reclama...
Tal como um espelho que só reflete meu rosto,
Ofuscando todo o resto.
Como um fogo que em minhas mãos, descontrolado,
O verso inflama.
E tanto me vejo que já não me vejo.
E a folha é lugar de um encontro imprevisto.
Mas sou grande de mais, não caibo nas linhas.
Tudo em mim derrama.
E é então que respiro e divido-me.
E com alguns arranhões, entro e fico.
E vivo num mundo de oxigênio novo.
Que é o pulmão que clama.
E quando termino de viver esta vida.
E sinto-me descansar...
Percebo que só me resta versificar o viver
Quando a poesia chama.