SONHO DE PASTOR.

Assobiando uma canção triste, ele caminhava,

De manhã, ao nascer do sol, e consigo levava,

Esperança, de um dia feliz com seu rebanho.

Era pastor de ovelhas e de muita esperança,

Que alimentava, mal deixasse de ser criança,

Conhecer mundo, esse o seu sonho tamanho.

Quando sózinho, atrás de seu rebanho seguia,

Falava para seu amigo cão, que com ele ia,

Todos os sonhos que germinavam na alma,

Ser pastor, viver sózinho naqueles campos,

Aquela vida não queria, não tinha encantos,

Pior ainda, naquelas tardes de muita calma.

Em dia feliz de sol, o destino lhe bateu á porta.

Abandonou seu rebanho, e seguiu outra rota,

Vestiu um fato novo, e rumou para a cidade,

Seu fiel cão, o viu partir, ficou triste a ladrar,

O pastor o afagou e prometeu que ia voltar,

Quando á cidade rumou, era maior de idade.

Quando na grande cidade o pastor chegou,

Foi grande o espanto por tudo que encontrou.

Tantas coisas bonitas...Não dava para acreditar,

Seria aquele novo mundo o seu grande sonho?

Mas ao lembrar do seu rebanho, ficava tristonho,

Quando na noite sonhava, ouvia seu cão a ladrar.

Caminhando pelas ruas da cidade, povoadas,

De mil pessoas, bem vestidas mas caladas,

Não lhe retribuíam os bons dias, nem o viam,

No meio de tanta gente, ficou muito sózinho,

No campo, ás vezes até falava com o vizinho,

Estava só, com as saudades que agora surgiam.

Havia na cidade muito encanto, cor, e beleza,

Procurou em seus sonhos, não tinha a certeza,

Se eram os seus sonhos, tantos anos sonhados,

Agora sonhava, com as ovelhas o cheiro da terra,

Será que em nossos sonhos a gente também erra?

E seguimos nossos sonhos, vivendo enganados?

O pastor deixou suas raízes na terra, e felicidade,

Não vivia feliz entre as luzes e beleza da cidade,

Era já tão grande a saudade do cão e das ovelhas,

Um dia ao acordar, pendurou seus sonhos e partiu.

Rumou para sua aldeia, para o campo e logo sorriu,

Quando á tarde, o cão ladrou junto ás casas velhas.

LuVito.