Início, meio e fim
No ventre da minha mãe eu flutuei!
Como foi bom estar no ventre da minha mãe!
Nada me preocupava, nada.
Não sentia sede, nem fome, nem medo.
Apenas, de vez em quando,
Ouvia sussurros em forma de segredos,
Que nem sabia dizer...
Nada entendia, nada conhecia, nada.
Pelas ruas de uma pequena cidade do interior eu cresci!
Como foi gostoso viver naquela cidade!
Nada me preocupava, nada.
Sentia sede e fome. Medo?
As vezes, pois de vez em quando,
Ouvia estórias sobre seres
Lobisomens, papa-figos, caiporas,
Que nunca consegui ver...
Pelas ruas de uma grande cidade, agora vivo!
Tudo preocupa, tudo.
Às vezes, sinto sede e fome.
Mas, principalmente, medo.
É que sempre ouço histórias sobre criaturas
que roubam, destroem e matam
e nem se sabe dizer o porquê.
Quando um dia, enfim, tudo isto acabar
sei que não retornarei ao ventre de minha mãe
Que pena!
Porém, novamente, nada me preocupará, nada.
Pois não sentirei mais
nenhuma sede
nenhuma fome
e nenhum medo.