Dias sombrios na terra da promoção

Na tez encardida

De braços queimados dos dias

Se fazem aos poucos

As vidas todas.

Eventos distantes

Estantes

Esfriam

A Quintanilha.

No quarto escuro

Luzes reluzem

Na parede desbotada

- faz frio agora.

Sentam – se no pequeno banco

Com braços ao chão

A esperar,

A esperar...

As reticências sociais

Encurtam e escondem os fatos

Reais, reais. Ah quantos reais!

E boiando as utopias chegam à margem.

Na ciranda dos dias capricham

Apressam – se em colher

A lavoura alheia

Irrigada com suor pagão.

Não esquentam suas panelas

No mesmo calor

Das marmitas ardentes

Do caminhante.

Sem saber em vão

Dedicam dias e vidas

Sob sol forte

De enxadas sem fio nas mãos.

Sobrepujando a capina

Aves da rapina

Espreitam os despojos

De seu esforço.

Enquanto isso adormecem

Nas plumas macias

Faraós e clérigos

Sem manchas nos lençóis.

Se disfarçam nos sorrisos esbranquiçados

Ah palhaços de morfina!

Pensam que enganar

Seja realmente sua sina.

Caminham pela imundície

Com chapins de ouro

A beira mar

Sem respirar...