Cores: amarelo desprendido

A noite caía como um manto preto estrelado, sedutor e confortável.

Como um cobertor de orelha quente, numa noite fria.

Eu resolvi caminhar na praia numa noite dessas,

Para refletir, respirar, sentir a areia, ouvir as nuvens e tocar o vento.

E o mais importante, conversar com minha intuição e verificar minha consciência.

Lembrei-me de um dia que ouvi sobre a felicidade, que bastava não precisar de nada para tê-la.

Que a felicidade não estava e nunca esteve em nada; nem em pessoas, animais, plantas, materiais, nada!

E que o desprendimento leve de tudo isso faria crescer um estado de paz: a felicidade.

Então pensei mais; nas verdades que parecem mentiras e mentiras que parecem verdades.

Se todas as verdades são conceitos, eu descobriria mais algumas, em cada momento do meu descobrir.

Quando percebi que algumas verdades estavam dentro e não fora, fui me desprendendo.

Essa época me causou sofrimentos tamanhos, eu amordaçava meus sentimentos.

Sofri percebendo que o que eu acreditava era banal demais, irrelevante.

E um dia eu caí feio. O chão foi a primeira porta apresentada a mim.

Todo processo de reforma é dolorido, quando se deseja se aventurar internamente, remover as manchas pretas.

E eu descobri que não precisava de absolutamente de nada para me redescobrir.

Há momentos que são gastos com coisas pequenas, e outros, que nem são importantes.

Todavia, é tudo experimento necessário; nada é desnecessário.

É tipo o estudo da teoria do conhecimento, a arte de conhecer a si e os propósitos da vida.

Um elemento específico fundamental na construção de respostas conceituadas.

O discernir do certo e o errado, dentro dos limites, com a ajuda das peças certas e clareza no olhar.

Então, as respostas não são mais fechadas, e vem a parte filosófica.

E depois, um conhecimento sistemático: análise, explicação, desdobramento, justificação, indução e predição.

Assim, eu poderia chegar à conclusão de que, me prender só me faria sofrer, para desprender em seguida, e num momento oportuno.

O tempo, o destino e a vida, não permitem começar tudo da mesma forma.

E por que se prender às coisas e pessoas, se há a realização pessoal para melhora íntima?

Todos trazem a suas bagagens: traumas, fobias, sujidade na alma, tempo e energia.

Às vezes, são travas impossíveis de destravar quando se têm falta de interesse em si mesmo e de resolver.

Após o primeiro passo, a percepção fica mais evidente e, os passos continuam.

Tudo começa a aparecer: um vizinho falando do assunto, uma cena na TV...

Sinais que vão ajudar por causa da liberação da passagem antes fechada, como ímã.

O otimismo se faz presente quando a liberdade é a receita fundamental para boas caminhadas.

Uma entonação da descontração surge e brilhos relevantes trazem instantes leves.

E fica claro, à medida que há opulência de valores morais, agarrados ao coração.

E que se elevam aos lugares recônditos e intangíveis, que antes eram difíceis de alcançar.

Aprendi que, se eu aprendo a me prender, vou ter de aprender a me desprender, pois o que é preso não progride. E foi assim que, aproveitando o curto e me prendendo a curto prazo, eu me tornei efêmera.

Em meio a várias observações, análises e estudos, eu pensei:

“Não irei mais me prender a nada, não do jeito que era antes.”

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 31/03/2014
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