O Chicote
A ira programa um poema intenso,
bom senso sugere um trato suave;
a chave é poder dizer o que penso.
tão leve como a queda de um lenço,
Terno, porém, fundo, sóbrio, grave...
Quiçá, posso isso com pouco alarde,
tarde já está para refazer o que era;
fera é a solidão, entretanto, covarde
dando vida ao anseio afoito que arde,
sufocando sentir brando, que espera...
E a engrenagem que move ponteiros,
ligeiro não é que faz passar o tempo;
passagem não o vemos se, faceiros,
porém, separando-se os travesseiros,
matreiros dizemos, que passa lento...
Mas, se o travesseiro nunca conjugou,
com o sonhado pescoço de nívea tez;
apenas a quimera faz parte do show,
sofrendo a perda do que não ganhou,
então, a insanidade se instala de vez...
Acho que loucos e poetas são gêmeos,
loucura sóbria, ser entendido, espero;
sorvendo seu mal, se fazem boêmios,
e os que podem se manter abstêmios,
domam a sina com chicote de Homero...