"Frente a frente - olho a olho, dente a dente..."
"Frente a frente sou um nada;
nao me aguento, nao me entendo,
nao me vejo, nem sorriso, nem lágrima, e
nem desejo: um nada completo!
Quem somos quando frente a frente?
Olho a olho? Dente a dente?
Aquela muralha, eu que fiz;
aquela ilusão, eu que criei;
aquele sorriso, eu manipulei;
aquela verdade, eu me impus;
aquele cigarro, eu que traguei,
e me fiz tão leviano, tão sem forma,
quanto a fumaça que sobe apenas para sumir...
Queimei a mim mesmo; fumei a mim mesmo,
e me tornei o próprio cinzeiro.
Sou cinzas sem fênix, um pedaço do que ja teve forma,
repousado, esperando algum sentido,
alguma resposta,
e que agora encara a própria face cara a cara...
O que somos muralha abaixo?
O que somos quando derrubamos nossas estruturas defensivas?
Nossas maiores ilusões?
Talvez sejamos um livro sem um fim;
talvez sejamos o fim de um livro;
talvez o inicio, o meio,
e o que ainda resta de nós,
as ilusões de um menino que nunca mais
saiu do recreio."