Somos os Dinossauros do Amanhã

Até ontem eu via... Até ontem eu via...

Árvores, matas, pássaros muitos,

E os mesmos já longe se vão, junto com a minha infância.

Carvões viraram aquelas, a forjarem o vil metal.

Estes, envenenados foram, em benefícios das lavouras que já não mais existem.

Somos os dinossauros do amanhã.

Os verdes das plantas da minha infância,

Queimados foram com as terras que estalavam sob o sol torrificante.

E o que se passava no mês de agosto, se passa o ano inteiro, para nosso desgosto.

E a vida se escasseia, tornando-nos os fósseis do amanhã.

Pois somos os dinossauros do amanhã.

Estupefatas, criaturas que ainda não conhecemos, ou nunca conheceremos,

A examinar os nossos crânios e partes, pelo tempo petrificadas.

A Endeusar-nos, em uma cripta primitiva, por não entender tais formas.

Formas que já foram “a imagem e semelhança de Deus”.

Em um tempo não muito distante.

E a vida se renovará dando lugar a novos futuros fósseis.

E a vida se renovará dando lugar a vermes de uma nova era.

E a nova era ressurgirá das cinzas ou do pó, quando não restar “pedra sobre pedra”.

Até que tudo enfim, não passe mesmo de uma pedra. Um fóssil. Um único fóssil.

Onde a vida já não existe mais. Pois que até mesmo ela já se expirou das entranhas do último verme.

E o vento uivará com toda a sua força, pois não encontrará obstáculos.

E a chuva cessará, pois não haverá água, pois que água também é vida.

E o fogo dos céus será uma lenda da qual nem se terá conhecimento.

Pois que tudo não passa de fósseis cobertos de pó. Do pó de nós mesmos.

E não haverá nem mesmo ruínas, pois que estas já se desgastaram há muito.

E, como almas, buscaremos em pranto um lugar para pousarmos no imenso vazio.

E Deus, em sua plenitude, terá piedade dos pobres imbecis. E os acolherá.

Não sem que os mesmos, tenham conhecimento de que nunca passaram de vermes.

Vermes que devoram o corpo em que habitam. Pois “não sabem o que fazem”.

E eis que realmente foram fadados a serem dinossauros. E já o são, pois que o futuro chegou.

Endeusados pela ignorância, em uma primitiva cripta.

Até que tudo termine.

Até que nem mesmo o vento possa uivar, pois que não haverá obstáculos para vibrar.

Até que os ventos carreguem consigo até mesmo o pó.

O pó que restava indicando a existência de alguma raça.

E não sobre nada. E não sobre nada.

E que sobre o nada. O nada simplesmente.

Pois nada somos.

Charles Lucevan Rodrigues
Enviado por Charles Lucevan Rodrigues em 06/07/2014
Código do texto: T4872119
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