Bibliotecas Sombrias

há histórias encobertas

enroladas em papiros

no fundo de secretas gavetas

veladas em silentes retiros

letras escritas com sangue

em pálidos pergaminhos

perdidos por corredores

em corroídos escaninhos

sob a mitra ufana e prepotente

as mãos de ferro e rigor

por longo tempo empunharam

cruel gládio acusador

inquisidores e tiranos

sob seus mantos e cruzes

portando cajado mortífero

ocultaram sábias luzes

nas bibliotecas sombrias

gritam vozes do passado

espectros rangem grilhões

choram os mortos seu fado

a fumaça denuncia

a fogueira das vaidades

queimando tantas mãos frias

nas labaredas das verdades

Helenice Priedols