SOLITUDE

Seis da manhã, lentamente alguém sobe a colina;

O Pico do Amor está à espera para um encontro silencioso.

Respira o ar ainda impoluto naquele alvorecer invernoso.

Passa ligeiro vadio cão, um olhar zombeteiro lhe empina.

E mais adiante se detém e o desafia a uma corrida;

Certamente andava à caça do seu desjejum matinal.

O desdenhoso olhar do cão veloz, incomoda o arfante alpinista:

A doutora lhe chamara a atenção – não brinque com o coração! –

Ensimesmado, aos poucos, sem pressa atinge o topo do pico.

“É tão bom, Senhor, ficar aqui!”

Galga o centenário pico, a milenar montanha, paleolítica colina.

Descortina-se o cenário: ali é silêncio, convite à oração.

Aos pés do ainda arfante montanhista desenha-se a urbe.

Muitos dormem, sonham; outros bocejam, relutam...

Não está muito frio; as cobertas, porém, acolhem e aquecem.

Lança os olhos à imponente e abarcante cruz,

Arrisca de cor uma prece que ao coração lhe vem.

Por seus amados pede; olhos fechados, a Deus roga uma luz;

Na boca a alma se derrete e uma “furtiva lágrima” detém.

Lá no templo, ali bem próximo, o Deus de Amor espera paciente...

J.Mercês

14/8/2014

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 14/08/2014
Reeditado em 14/08/2014
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