Põe pra fora

E quando o estômago dói e a boca amarga,

a cabeça gira e nauseada choras

as mãos em sincronismo esfregam-se e suam

o peito explode e o corpo treme

Põe pra fora!

Sim, põe pra fora!

Rasga a alma em lágrimas

E faz da dor um verso.

Confessa tuas fraquezas

e respeita os teus limites

Põe pra fora o que te aflige e atormenta

Escreve, escreve, escreve...

Põe pra fora os tristes sonetos

Violenta o papel com tua áspera caneta

Liberta os teus "eus" maltratados

Põe pra fora

E clama aos poetas que te perdoem

pela falta de inspiração

pelo excesso de amargor

Pelas infames exclamações

Vive o teu luto e clama aos céus

Perdoa-te!

Perdoa todos os teus medos

Perdoa a tua contínua falta de tempo

Perdoa a alma cega e inerte

Que paralisada não sabe pra onde ir

nem como chegar.

Elô Araújo
Enviado por Elô Araújo em 14/08/2014
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