LADEIRA

Descendo a ladeira da vida, ou subindo-a com tristezas ou alegrias;

Ele viu sua face no espelho do dia-a-dia;

A calçada que esteve sempre em seu caminho se cansou do gotejar de seu suor.

Os dias, as manhãs, as tardes, as noites; entre beijos, afagos ou açoites.

Seguiu o andarilho as coordenadas de seu mapa.

Sentiu o mancebo que os anos curvam o homem como a mão faz com o arco.

Mesmo assim, contrariando a força da gravidade, sem olhar a idade, o moço deseja novas passadas.

As coisas que se vão não voltam mais;

Novas são as batidas de seu coração.

A caminhada se renova na nova alvorada;

O sol alegre ou tímido convida o moço a mais andadas.

- Para onde vai o moço?

- De onde vem o mancebo?

A flecha rasga o ar quando atirada pelo flecheiro.

Nunca se sabe o que será do primeiro.

Nem nada se diz sobre o derradeiro.

Sabe-se que os homens se aquietam no final do dia.

Se se recordam das histórias antigas,

Ou de suas vitórias, conquistas, misérias e intrigas;

É porque o viajante nunca se farta.

O mundo para ele se alarga.

A terra se estica,

Somente as horas o detêm até outra aurora.

Nesse epílogo de todos os mortais;

As Dolores e as Rosas e as Marias, Eles e elas, as belas e as feias;

Os ricos e os pobres; todos se encantam deitados no chão.

Terra faminta que germina fruta, verdura, milho e feijão.

- Teu lar será um caixão!

- O que fizestes para merecer tão sórdida sorte?

- Desci a ladeira para viver a vida!

- Então saiba o conselho dos antigos:

“Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade, faça assim a cada pele que vestires, a cada suspiro deres, lembra-te Dele!”

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 17/09/2014
Código do texto: T4965193
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.