Vi o tempo
E vi o tempo
dissipar-me os sonhos em névoas difusas,
E envolver-me em sombras
ao alargar-se na penumbra do entardecer.
E a cor refugiar-se com receio do escuro
e encobrir as folhas nas trevas.
E vi o vento rasgar as nuvens
e despetalar as flores.
Assoprar a brisa morna
e escurecer o azul do firmamento.
E vi o tempo enrugar-me a pele
e embaçar-me a visão.
Assim, não vi você afastar-se
E a distanciar-se no tempo.
E nem as tuas alegrias
cederem lugar as minhas tristezas.
E vi o tempo
negar-me o amor
ao prender-me na solidão.