SE FUE LA VIDA... - DO LIVRO TOCATAS
João Bosco Soares dos Santos
O tempo se abre como um louco abismo
e me suga sem piedade.
E, num derepentente, sem que eu perceba,
me lança esvaído no poeiral das espumas e sombras
do que já me foram vida e doces quimeras.
E envolvido por minhas
e em minhas fragilidades,
já não mais consigo distinguir
o que é imaginação;
o que é sonho;
o que é alegoria;
o que é visão;
o que é real.
E, num perto;
num bem próximo contexto,
já no mais fundo do meu eu,
ou lá longe; bem lá no longe bem longe,
onde somente me vejo em imaginação,
acordo-me,
entre meus soçobros psíquicos e visuais,
sem mais saber distinguir entre a forma e o real;
entre a imagem e o concreto.
E, sem mais poder ou entender o querer,
nem mesmo o mais simples;
nem o mais banal ou mais imediato,
já não mais sou eu;
não mais me acho eu;
não mais me sinto como qualquer sinal de mim.
Não mais posso ser eu, porque,
pouco importa ser ou não ser.
Agora, só posso me pensar, me sentir e me ver,
sendo apenas um eu-espaço,
vazio de corpo, de alma, de querer e de imaginação;
um espaço no espaço,
onde tudo é somente espaço.
E até a poeira e a sombra
são vazios espaços
no interminável universo
ou dentro de mim e dos meus visíveis horizontes.
E agora? Que é da vida???
LA VIDA SE FUE...