O poema plural - a urgência da escrita
Não gosto dum poema redondo
qual serpente envenenada
enrolada sobre si a morder a própria cauda.
O poema assim perde a vida.
O poema tem que ter as veias que latejam
um cavalo frenético no peito
os abismos que se movem e os terraços
sobre esses mesmos abismos
abertos em precipício,
mesmo que o perigo ofusque
o seu próprio diadema.
O poema tem que ser o meteoro que vibra
ainda que como o deslizar de uma anémona;
o poema tem que ser o incessante
o intervalo, o gerador doutro fluxo
sem sono nem vontade de dormir...
...tem que ser a fronteira silenciosa e em revolta
que abre o lume
com a força da palavra latejante
na espessura da espuma e do fogo
por nascer.
O poema é o grito na urgência da escrita.
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© Alvaro Giesta em "o poeta plural" - na urgência da escrita
(antologia de autor) a publicar
poemas do autor (enquanto ortónimo Fernando Almeida Reis e enquanto pseudónimos Alvaro Giesta e Miguel Faia)
poema 73 (18 atribuído a Miguel Faia)
- publicado em https://www.facebook.com/alvarogiesta/notes