Sinto-me

Sinto-me cansado nesta noite quente e fúnebre.

Pensamentos soltos voam e pousam

Em diversas pistas musicais,

Os meus sentidos adormecem

Junto ao aperto que sinto na boca do estômago,

As curvas do meu cérebro latejam de dor

E o sofrimento físico de um corpo atingido

Por um dia desgastante

Não é nada comparado

Ao meu estado psíquico-emocional.

Hoje sei que tudo vai tão bem

Como a vida de um cego que sonha em enxergar.

Eu tenho tudo o que posso e não tudo o que eu quero,

Mas eu não quero o seu carro, a sua casa

Ou a sua estabilidade financeira.

Eu quero a esteira!

Onde eu possa descansar

Feito um Tupi-Guarani.

Sinto-me numa página de um livro de História,

Ainda na parte em que éramos felizes,

Nós na rede

E as árvores em seus devidos lugares...

Sei que sou um pobre nobre,

Por que nobre é o pobre pensador,

Poeta e sonhador

Que vive à espera de algum amor.

Essa situação me estagna,

Comove e enfurece

Na certeza de que as coisas

Não são como elas são,

Não são como poderiam ser,

São como realmente podem ser.

Então meu amigo,

Acerte-me na cabeça

Onde tanto dói,

Feres a ferida não cicatrizada

Quem sabe eu não mereço?

Quem sabe eu não esqueço?

Pois não guardo arrependimentos,

Mas alimento os rancores

Que tenho das abstrações,

Por que a concretude material

Move-se intensamente e relativamente

Na medida do possível

E dentro da necessidade do imediato.

Mas que calmamente...

A aurora que eu avistar estupefato

Faça-me deslumbrar a visão de um novo mar

De um novo sol!

David Pimentel
Enviado por David Pimentel em 25/01/2015
Código do texto: T5113918
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.