POEMA CONTEMPORÂNEO!

"Todo poema é uma aproximação.

A sua incompletude é o que apro-

xima da inquietação do leitor."

(Mario Quintana)

POEMA CONTEMPORÂNEO!

Sei que o tempo não dorme nunca

Espreita-me da janela das nuvens e

Sonda-me impiedosamente jogando

Rugas em meus cabelos brancos.

O tempo devia ser um jabuti grávido

Lento, sonolento e despreocupado

Segurando os ponteiros do relógio

Para esticar as horas, os dias, os anos.

O homem nasceu do tempo e habitou

Entre nós; o tempo escraviza o homem

Dando-lhe o ontem, o hoje, o amanhã

E a eternidade na poeira da terra.

A infância, a juventude, a velhice,

São peças do quebra-cabeça do tempo

Onde a vida se transforma em poesia

E a morte, negro show da despedida.

Oh, dúvida... Será que o tempo passa

Ou somos nós mesmo que passamos?

Só sei que enquanto durmo, o tempo

Marca-me o rosto e nubla-me os olhos...

08/10/2009 - D I L S O N - NATAL/RN.