Óbito

É estranho neste momento,

deparando-me neste teclado

Revendo o meu passado que ao

escrever era um entusiasmo

Sempre carregarei no meu bolso

as obras por me elaboradas

Construídas em passagens afins

pelas emoções insinuadas

O hoje, não tão distante da

história, mostra uma mudança

Do princípio das perturbações até

o limiar da bonança

O homem barroco, o ser que

trouxe na tristeza o insano prazer

E a questão espiritual que mal

poderia entender

Se é que posso falar que existia o

ser religioso dentro de mim

Não detentor de uma ideologia,

mas saturado de crença e magia

Talvez o meu caminho estava

nítido, adepto a outra concepção

Porém, enfermo, prossegui com

este peso em minha formação

Os Seis, que por um lado era uma

aventura estudá-los

Caro Freud, apliquei suas técnicas

sem notá-los

O agora, não tão longínquo da

história, infere que ele morreu

Posso ter plena certeza disto?

Não será um crasso engano meu?

Fechando os meus olhos, concluo

que eis um caráter indubitável

Liberto das algemas pragmáticas,

de um mundo imutável

Caminhando pela natureza, sinto

o frescor da liberdade

Divinos não podem deter a minha

busca pela alacridade

O Barroco pereceu do lado daqui,

onde terá um descanso merecido

Sua matéria agrega o cosmos

agora cujo valor não será esquecido

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 09/04/2015
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