Ins-piração (O tempo da poesia)

A poesia e a inspiração

não têm dia, não têm condição

pra sair da mente afora.

Vêm na hora

que a gente aquece a hora

e também no instante

(qual lumen de estrela cadente)

que a gente nem vê,

nem sente, ou esquece a hora.

Vêm na hora que a gente está chegando

ou que a gente vai embora...

A poesia e a inspiração vêm na hora

que a gente aspira algo da vida expressar:

a alegria, a tristeza, a ira,

algum motivo pra sonhar

os modos de ver a natureza,

as coisas simples, complexas,

suas feiúras e belezas

e tudo o que do mundo cada

pessoa sente tanto dentro, quanto fora

de seu próprio ente.

Mas, quando menos esperamos,

nem vemos, e ela (sem avisar de

se desinstila, se desinstala.

É quando, então,

se esvai, se esbulha,

se expira do fito de nossa mira de ação

a fugaz fagulha da inspiração

que antes queria brotar...

E desvanece, envelhece

ou mesmo fenece a ilusão

do querer poetizar!

A poesia e a inspiração

não têm dia preciso não!

Não têm exata hora, ou elementar condição

pra sair ou se jogar da mente afora.

Ora essa, a poesia (essa mesma)

que me saiu da mente agora

não é toda repleta de nexo,

pois me foi restrita a visão a seu acesso

e não escrevi tudo o que convém

ou parecia habitar minha cachola.

É que essa também - me faz bem confessar - saiu-me quase sem eu pensar:

me saiu fora de hora!

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio)

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 23/04/2015
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