Esquadros
Posso ser um poeta ruim,
mas sei que ouço e transcrevo
muitos degredados lampejos
do existir.
Não me enquadro nas silhuetas
prescritas pelos papas
das verdades
preestabelecidas.
Acredito que os esquadros são balizas a serem paulatina ou abruptamente transpostas.
Podemos recriar e transgredir até mesmo o inacreditável. Acredito que o ser humano é bem maior
do que as correntes reais ou imaginárias que intentam amarrá-lo, ainda que em tronos ou pedestais adornados...
Muitos monumentos escondem sangues e suores
que lhes dão consistência e poderes.
Todas amarras
(até mesmo aquelas que parecem conter toda a verdade) estraçalham o belo que existe nas coisas, nas gentes.
Amarras são correntes a serem evitadas, transgredidas
por aviltarem a beleza do existir mais pleno,
do criar para além da mesmice.
Os
esquadramentos
nos aprisionam a pacotes
herméticos de verdades ...
Afinal, existirá soberano,
sábio ou pessoa comum
que conheça ou contenha
a verdade em sua plena
totalidade?
(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio)