Esquadros

Posso ser um poeta ruim,

mas sei que ouço e transcrevo

muitos degredados lampejos

do existir.

Não me enquadro nas silhuetas

prescritas pelos papas

das verdades

preestabelecidas.

Acredito que os esquadros são balizas a serem paulatina ou abruptamente transpostas.

Podemos recriar e transgredir até mesmo o inacreditável. Acredito que o ser humano é bem maior

do que as correntes reais ou imaginárias que intentam amarrá-lo, ainda que em tronos ou pedestais adornados...

Muitos monumentos escondem sangues e suores

que lhes dão consistência e poderes.

Todas amarras

(até mesmo aquelas que parecem conter toda a verdade) estraçalham o belo que existe nas coisas, nas gentes.

Amarras são correntes a serem evitadas, transgredidas

por aviltarem a beleza do existir mais pleno,

do criar para além da mesmice.

Os

esquadramentos

nos aprisionam a pacotes

herméticos de verdades ...

Afinal, existirá soberano,

sábio ou pessoa comum

que conheça ou contenha

a verdade em sua plena

totalidade?

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio)

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 28/04/2015
Reeditado em 30/04/2015
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