Palavras
Que iluminam
Que geram vida
Que apagam ou incendeiam
Cicatrizes; nova ferida
Desfazem e refazem
Chegam longe; fogem do alcance
Atam, desatando...
Não se recolhem, mas se retratam, curando
Falou. Vivi
Falei... falhei
Falamos, nos unimos
Estando juntos, nos faltam; nos sobram
Nos aquecem e resfriam
Quase tão rápido quanto o seu pensar
Afagam, enganam, iludem, desvendam
Dão sentido, propósito, desejo; fazem sonhar
Na ausência, clamam pelas janelas de luz
O olhar traduz o que a alma não soube ou não quis formalizar
Do sofrer, o grito; da intimidade, o sussurrar
Da ideia solta, a reticência
Confundem em excesso, se o verbo não encarnar
Contam da felicidade ou tristeza com eloquência
Misturam essas essências em tubos de ensaio
Que fermentam, fomentam, fragmentam
Vida e morte; resumem, distorcem
Exercício diário, vezes, sedentário
Barro ganhando espírito
Alma fazendo contato
Tocando o outro na despedida
Ou ainda no ventre, quando sem formato
Expressão, decisão, conclusão
Caminhos e descaminhos; atalhos
Mas, do início ao fim
Elogia-se um criador no discurso do seu perfeito trabalho
Não só pela transmissão, comunicação, canção
Mas pela beleza e singeleza que ecoam
E com tamanha franqueza compõem
Muito mais do que um vasto dicionário
Práxis hilário