O vazio devora a cidade
O vazio devora a cidade, O vazio devora a cidade,
é voraz em loquacidade, atormenta todas idades,
é tenaz sua capacidade alimenta os nós e saudades,
de domar almas sem piedade! acalenta os sais e maldades.
O vazio devora a cidade, O homem cultiva o vazio
agora come sua vida tênue e quer em vão a eternidade,
atirada, estirada, conspirada, se descura dos elos desfeitos
entregue à vil existência. nos chãos-ilhéus da cidade
O homem come o vazio
e corre, pensando beber a verdade.
Mas o homem devora suas próprias crias,
se apavora em cheio, sem ter mais guias
no seio, no meio da fria cidade!