Mundo sangrado

Todos os dias vemos o mundo sangrado por tantas ironias,

vemos povos acuados por fardos do dia-a-dia,

vemos gente nas cidades entregues à agonia

e as gentes do roçado sobrevivendo por um fio.

Todos os dias vemos o mundo sangrado em pobres alegorias,

vemos homens transtornados, sem trabalho e alegria,

mulheres atormentadas por servilismos sem brilhantia,

crianças e velhos mitigados, sem vida que traz valia.

Todos os dias vemos o mundo sangrado por falsas ideologias,

onde os fatos divulgados são razões e verdades frias

que atendem interessados em controlar economias

cujas mídias, alinhadas, são notícias que maquiam.

Todos os dias vemos o mundo sangrado às sombras da tirania,

vemos um céu estrelado por mísseis da covardia,

vemos povos acossados por dívidas eternecidas,

gente empobrecida por riquezas não repartidas.

Todos os dias vemos o mundo sangrado, naturezas ressentidas,

vemos solos estirados, de coberturas despidas,

vemos rios assoreados, céus e águas poluídas,

matagais dilapidados por empresas enriquecidas.

Todos os dias vemos o mundo sangrado em cidades tão perdidas

de gentes entristecidas, de vidas mal vividas,

de violências açodadas, poluições enlarguecidas

de riquezas aumentadas e pobrezas enfurecidas.

Todos os dias vemos o mundo sangrado, sem versos ou poesias,

de homens desatinados, feitos máquinas à revelia,

vemos povos tão cansados, esperando novos guias,

em liberdade encarcerados em fossos de apatia

e por vezes construindo novas faces de rebeldia.

Eta mundo sangrado, tão carente de magia,

que às vezes sonha, às vezes luta

para inventar novos dias...

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 07/05/2015
Código do texto: T5233390
Classificação de conteúdo: seguro