Vida ao léu

A vida é um

barquinho

de papel...

Às vezes

adorada,

é um mel; às vezes portentosa, bem gostosa, é um céu, às vezes vivida, muito vívida um dossel; às vezes é folia, alegria, um carrossel; às vezes, bem pintada, tracejada, um pincel; às vezes é furdunça, é bagunça, um bordel; às vezes é confusão, colisão, uma babel; às vezes maltratada, alijada, é cruel; às vezes bem amarga, qual descarga, é só fel. Mas a

maior dificuldade, na verdade a maior tristeza (talvez o ápice de

sua pobreza) é quando a vida se esvai, cai, mas não cai, e, por

todo lugar da corrida segue ávida de vida, sem saber pra

onde vai, andando ao caos, sem ter fé nas gentes e no que

elas sentem, sem ter fé em nada, jogada ao ser incréu,

tornada perdida mesmo aos céus, tocada como vida levada a

esmo, que segue quaisquer águas, qual vida que segue ao léu...

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 26/05/2015
Reeditado em 26/05/2015
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