Vida ao léu
A vida é um
barquinho
de papel...
Às vezes
adorada,
é um mel; às vezes portentosa, bem gostosa, é um céu, às vezes vivida, muito vívida um dossel; às vezes é folia, alegria, um carrossel; às vezes, bem pintada, tracejada, um pincel; às vezes é furdunça, é bagunça, um bordel; às vezes é confusão, colisão, uma babel; às vezes maltratada, alijada, é cruel; às vezes bem amarga, qual descarga, é só fel. Mas a
maior dificuldade, na verdade a maior tristeza (talvez o ápice de
sua pobreza) é quando a vida se esvai, cai, mas não cai, e, por
todo lugar da corrida segue ávida de vida, sem saber pra
onde vai, andando ao caos, sem ter fé nas gentes e no que
elas sentem, sem ter fé em nada, jogada ao ser incréu,
tornada perdida mesmo aos céus, tocada como vida levada a
esmo, que segue quaisquer águas, qual vida que segue ao léu...
(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).