NO FIO DA GUILHOTINA DO TEMPO
NO FIO DA GUILHOTINA DO TEMPO
Meu tempo, ampulheta do tempo,
não para de girar,
minha vida sob o Sol a pino,
tortura do tempo que não domino.
Minha constelação desfeita,
meus dias residindo no seio
de uma 'Estela Cadente" *
aurora demente no meu sono doentio.
Carne fria, sangue lento,
pulso dormente, no meu tempo
sem ponteiros, sem vidro,
sem moldura, o cupim comendo o tempo.
Desgraçado tempo, consumindo aos poucos,
os minutos e os segundos,
bastavam-me nove ou dez segundos,
para conhecer a falsa eternidade do amor.
Quando o bracelete do meu pulso cair,
quando a corda do sino tremer,
quando a lupa do tempo minimizar,
quando meu óculos embotar, hei de minguar.
Pêndulo do universo, marca do cosmo infinito,
olho que mira os viventes, despreza a minha dor,
rouba, furta, não vende a ninguém, não guarda,
nem o inferno te dará guarida.
De conhecer o tal lugar, de viver em purgatório,
ao desvendar o sonho celeste,
do tal lugar fui expulso, para nada há de me servir,
se a eternidade se resume em ti, se tenho que morrer.
Pedro Matos