NO FIO DA GUILHOTINA DO TEMPO

NO FIO DA GUILHOTINA DO TEMPO

Meu tempo, ampulheta do tempo,

não para de girar,

minha vida sob o Sol a pino,

tortura do tempo que não domino.

Minha constelação desfeita,

meus dias residindo no seio

de uma 'Estela Cadente" *

aurora demente no meu sono doentio.

Carne fria, sangue lento,

pulso dormente, no meu tempo

sem ponteiros, sem vidro,

sem moldura, o cupim comendo o tempo.

Desgraçado tempo, consumindo aos poucos,

os minutos e os segundos,

bastavam-me nove ou dez segundos,

para conhecer a falsa eternidade do amor.

Quando o bracelete do meu pulso cair,

quando a corda do sino tremer,

quando a lupa do tempo minimizar,

quando meu óculos embotar, hei de minguar.

Pêndulo do universo, marca do cosmo infinito,

olho que mira os viventes, despreza a minha dor,

rouba, furta, não vende a ninguém, não guarda,

nem o inferno te dará guarida.

De conhecer o tal lugar, de viver em purgatório,

ao desvendar o sonho celeste,

do tal lugar fui expulso, para nada há de me servir,

se a eternidade se resume em ti, se tenho que morrer.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 26/05/2015
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