REFLEXÕES DE UMA MOITA DE CAPIM

Ei, tu que levantas o calcanhar contra mim,

Que estendes também devastadora mão;

Não sou nada, apenas uma moita de capim,

Por isso não me tens apreço, apenas ódio no coração.

Sei da minha pequenez, de minha pouca utilidade;

Entre as ervas rasteiras sou de fato bem danosa,

E aos teus olhos isso de fato é uma grande verdade,

Assim mesmo, tem paciência, escuta: continuemos a prosa.

Vê! Quando o dedo do Criador deu início a tudo,

No terceiro dia antecipei-te no projeto da criação;

Ou seja, antes da tua, minha raça surgiu no mundo,

E antes de ti venho nesta vida exercendo minha vocação.

Por certo dirás com ares de desdém e prepotência:

O Criador deu-me as rédeas para tudo dirigir e governar;

Talvez seja isto a causa de tanto ódio e inclemência

Que te levam a insensível pisar-me, e querer do chão arrancar.

Pensa bem antes de assim proceder, ó raça de Adão;

Vais arrancar-me, bem sei, mesmo tentando te enternecer;

E se assim o fizeres, com mãos fortes e raiva no coração,

Saibas que em outros prados, vales e campinas hei de renascer.

J.Mercês

12/5/2015

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 31/05/2015
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